Vamos falar de saudade?
Hoje, eu estava vindo para o
trabalho, passando na avenida das Flores, e ouvindo rádio como faço todos os
dias. Normalmente, utilizo o trajeto casa-trabalho para organizar meu dia,
checar as pendências e definir as prioridades. O rádio fica ligado mas nem sei
em que estação está sintonizado, e só presto atenção as vezes, quando alguma
noticia referente ao trabalho é mencionada (isso se eu não estiver totalmente
concentrada em meus pensamentos e conseguir captar). No trajeto trabalho-casa,
a situação é bem diferente: utilizo os primeiros 2 a 3 km fazendo um check list
mental das atividades do dia, e o restante do tempo "desvisto" a médica,
e, com o rádio alto, canto pra relaxar e chegar em casa mais leve.
Acho que adquiri este hábito
quando fazia plantão em uti (unidade de terapia intensiva), em que saía do
plantão emocionalmente exausta. Sim, médico sofre, viu? A gente põe uma máscara
de profissionalismo quando fala com os familiares, e a gente quase se convence
de que sabe separar as coisas. Mas não é bem assim. Muitas vezes, a equipe
chora em silêncio quando perde um paciente. Muitas vezes alguém da equipe se
emociona ao ver alguma história, até se identificando com alguma situação. E,
pode parecer história de rede social, mas eu já atendi um familiar meu em
parada cardíaca. Isso aconteceu há muito tempo, durante o transporte entre
clínica e hospital. No primeiro segundo, eu gritei: "Tio"! mas
em seguida a médica surgiu, tomou conta da situação e reanimou o paciente,
entregando ele estável ao hospital de destino.Nessa época, eu chegava em casa, descia do carro e sentava na calçada de casa, olhando a grama, mexendo nas flores, catando matinho. Eu precisava destes minutos para poder entrar em casa e ser a mãe que minha filha precisava. Para poder diminuir meu nivel de estress e brincar com ela, rir das coisas de criança, ver desenho animado... Até pra poder dar aquele abraço apertado sem a dor sentida pelas mães que não podiam mais abraçar seus filhos.
Mas voltando ao hoje, do nada, uma propaganda me chamou atenção. A música da propaganda de uma joalheria me transportou imediatamente há uns 15 anos atrás. Olhei pelo retrovisor e cheguei a ver no banco de trás do carro a Ju, a Duda e a Teo. Rindo, ou melhor gargalhando enquanto cantavam junto a música da propaganda. Por isso hoje falo de saudade. E, sem querer fazer propaganda, hoje percebi que a música fala a verdade. "Se você quer magia, a ... tem.".
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial