terça-feira, 17 de novembro de 2015

Eu queria que você soubesse...


              Eu queria que você soubesse que doeu. Que fiquei chorando vários dias, que meu coração ficou dilacerado. Eu precisava disso, sabe? Ok, eu sei que não é uma atitude racional e muito menos digna esfregar o sofrimento da gente na cara do outro. Mas honestamente acho que você deveria saber que não tem o direito de andar por ai sapateando no coração das pessoas como se estivesse sambando em pleno carnaval. Você não viu. Nem ao menos se preocupou em saber se eu tinha cola ou algum tipo de fita adesiva pra remendar o estrago que você causou. Confesso que não julguei que você pudesse ser tão inconsequente.

             Parece que este tipo de atitude vem meio que embutido no pacote “Felizes para Sempre”. Para sempre? Opa! Você não tinha lido esta parte? Acho que não, né... você pegou suas coisas e foi embora sem nem olhar pra trás. Fez um pequeno discurso de “não é você, sou eu”, disse que eu merecia alguém muito melhor e foi embora pisando firme no meu orgulho.
              Eu falei orgulho? Que orgulho? Gente, tudo o que eu queria era pedir pra você voltar, me abraçar bem forte e fingir que nada tinha acontecido. Eu queria muito. Queria que você visse as lágrimas que encharcaram meu travesseiro, as nuvens que ficaram pesadas na minha janela... queria que você visse como o sol se recusou a voltar para o nosso jardim...
             Andei pela casa durante horas, dias, semanas... louca, recolhendo trechos de conversas espalhados pelas paredes... você não vai acreditar, mas achei um beijo seu grudado no meu ombro ainda! Lavei, esfreguei, mas não consegui tirar. Teus lábios ficaram tatuados em minha pele. 
          Não sei se toda despedida é assim, mas parece que a nossa ficou inacabada. Tenho certeza que não eu disse tudo o que queria dizer, e a absoluta convicção de que não me disseste nada. Sim, porque discursos pré-concebidos, frases feitas de internet, não selam o final de uma relação. Mesmo assim você partiu.
             Eu te escrevi várias cartas. Rasguei todas as cortinas e me desnudei. Mas você não viu. Porque você foi embora e não olhou para trás. Talvez teus headphones tenham atrapalhado e por isso você não ouviu meus soluços. Eu poderia ter gritado mais alto, se tivesse forças.
          Ou, talvez este silencio derradeiro seja a compressa morna que vai curar esta ressaca. E talvez mesmo eu te agradeça por não mereceres tão grande amor. 

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2 Comentários:

Às 10 de dezembro de 2015 às 16:33 , Blogger Kris disse...

Lindo e triste! Show, amiga, parabéns pelo blog. Beijo e saudade

 
Às 15 de dezembro de 2015 às 14:53 , Blogger Céres Felski disse...

Obrigada, amiga!! venha sempre! Beijo e saudade também!

 

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