sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Retalhos
















Tudo bem, eu entendo. Não era pra ser desta vez. Não era pra ser eu. Minto: não era pra ser nós. Por mais que eu quisesse, por mais que eu tivesse sonhado, não era. Talvez tenha sido apenas mais um daqueles sonhos malucos que a gente tem, e que acorda suada e sem saber direito onde está e quem é. O que? Você nunca teve um sonhos desses? Em que mundo você vive? Ah, tá. No mundo das pessoas certinhas.

Eu nunca fui certinha. Definitivamente sempre fui mais louca que sensata, mais honesta que educada. Por isso foi tão natural chegar em você e acreditar que podia rolar. Claro que podia, era só você também acreditar. Do mesmo jeito que acreditei tantas vezes no teu sorriso. E em todas as promessas que tuas mãos desenharam em minhas costas enquanto dançamos. Lembra?

Foi num dia de sol que você me levou para caminhar na praia, porque eu queria ouvir a música do mar... catamos conchinhas, e eu fiz castelinhos de areia... e você habitou em cada um deles! Rimos muito! Sujos de areia e sal, brincando como crianças e rindo como amantes! De repente você me abraçou e me convidou para dançar. Suas mãos escreveram estrelas em meu dorso nu... estremeci ao sentir a areia que se embrenhava entre nossas peles.

E o dia do sorvete? Você chegando em minha casa com duas bolas de sorvete derretidas, escorrendo pelos seus dedos e um sorriso encabulado no rosto. Tua boca tinha sabor de flocos, e de morango, e de amor... e meus cabelos dançaram tontos entre tuas mãos... tinha uma música no vento, mas eu não me lembro de onde vinha...
       
Tudo bem, de qualquer forma, tudo bem. Eu entendo que não era pra ser assim. Não como eu queria. Não era pra ser do jeito que eu vinha sonhando, do jeito que teu sorriso e tuas covinhas me prometiam. Eu não devia ter acreditado em todas as estrelas que se acenderam quando você me beijou. Nem naquelas borboletas que ficaram serpenteando em meu estômago. Eu não devia.

Teria sido bem mais fácil se eu não tivesse olhado pra você na primeira vez... se eu não tivesse tropeçado e quase caído no seu colo, talvez você nem tivesse me visto. E não teria me segurado pela cintura com aquelas mãos fortes que ficaram habitando minhas noites insones e solitárias... sim, tudo poderia ter sido diferente.

E eu, triste e apática qual lousa virgem, não teria nenhuma memória para recordar. Eu sei. Não era para ser nós. Mas para meu eu ser completo, falta um pouco de você.

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