sexta-feira, 16 de junho de 2017

Dá licença?









                    Dá licença? Desculpa ai mas hoje eu preciso abrir as janelas. Tem um baita sol lá fora e eu quero muito sacudir a alma! Pensei em aproveitar o final de semana e arrumar todas as gavetas: tem uns sentimentos que não cabem mais em mim. Acordei nova. Aquela velha roupa da solidão ficou muito apertada, na verdade não me entra mais. Tinha alguns cachecóis de saudade que me sufocavam, então resolvi me desfazer deles também. No fundo do armário encontrei alguns ressentimentos tentando se esconder, mas não tive dó: arranquei-os e me libertei.
                   E tudo isto porque ontem, ao passar em frente do espelho, não me reconheci. Tinha tanta névoa nos meus olhos, tanta dúvida grudada na pele, que percebi que eu estava irreconhecível. Sim, eu precisava rasgar as velhas vestimentas e resgatar alguns sorrisos que tinham caído atrás dos móveis. Também notei que aquela mobília pesada da melancolia já estava muito batida, e o ar vintage que ela me dava não me agradava mais.
                  Chega um tempo em que a gente precisa se sacudir, se reinventar. Chega um momento em que o passado tem que ficar pra trás definitivamente, e o olhar só pode ter uma direção: o futuro. Entender isso não é tarefa fácil. Assim como dói se desfazer de roupas e objetos, largar os sentimentos que cultivamos por longo período nos deixa meio que assustados, sem chão. Mas como vestir a roupa da felicidade quando a túnica da amargura ainda nos engessa? Porque para se despir e tornar a vestir, é preciso que nos movimentemos... é preciso que participemos do processo. 
                  Por isso, dá licença. Hoje eu acordei diferente. Hoje eu acordei feliz.

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