terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Horas Negras




Quando, em meio à noite, 
o sono se esvai 
e sinto uma leve penumbra... 
Uma infinita tristeza 
aliada à Solidão
entra em mim - me faz sua presa.
Entra em mim: acorda o coração. 
Ainda na cama miro a janela
para ver se descubro nela
algo a me sorrir.
É grande a decepção
e seu sabor é amargo.
É fruto mal tragado
é alma que divaga, 
a sofrer.
Pensando, nem sei em que,
eu me levanto.
Estaco a porta
(sentia que estava morta)
por fim, abro-a,
a passos lentos,
indecisos, penetro na sala.
Ligo a televisão
a traiçoeira se cala
acendo a luz
e súbito volto a apagá-la
e fujo
e fujo da sala...
À entrada da cozinha
me perco em meus pensamentos.
Por que eu estava ali?
Não era pois a fonte dos meus tormentos?
Procuro, em meio a escuridão,
mas não acho a resposta...
A mesa ainda estava posta...
De repente, tremo ao frio...
frio? mas gotas de suor me porejavam as faces...
O relógio marcava duas horas e cinco minutos...
Como era possível?
a algum tempo ele já marcava esta hora...
levo-o ao ouvido: parado.
Jogo-o contra a parede
Ruídos
Pedaços de vidro que cairam ao chão...
Aproximo-me do telefone,
de que me adianta saber a hora?
era domingo... queria dormir...
voltei para a cama,
mas antes de deitar-me,
volvo meu olhar a janela:
que melodia era aquela?
Era doce e monótona...
Ilusão minha,
a rua dorme em silencio
e, o vento, morrendo, não a perturba...
Meus olhos encontraram a mesa,
droga! como fôra esquecer o rádio ligado?
Deitei-me, uma lágrima me percorria a face...
Por que chorava?
não tinha boas roupas, comida deliciosa, 
tudo o que queria?
Se não fosse essa melancolia!
Abro um livro
Como posso ler com a luz apagada?
acendo a do abajur.
Como ler a tristeza de outros 
se já não posso com a minha?
... e o livro tomba de minhas mãos...
O sol começa a nascer...
Por que não consigo adormecer?
Um raio de sol esquecido
ilumina meu quarto
e devolve-me o sono perdido...
Sei que algo de bom, de novo,
está para acontecer...
Sinto que volto a viver...

poesias inéditas... 



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