sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Ele.



E por se recusar
a acreditar em heresias,
ele enlouqueceu:
bebeu e fumou
como em todos os dias.
Dançou e chorou,
uivou bem alto
todas as agonias.
E sem se perder no passo,
despediu-se de todos.
Tapinhas nas costas,
fortes abraços.
E partiu
levando consigo
toda
melancolia.

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Devaneio...














Haverá finalmente um momento
em que nada mais será dito.
E,
no silêncio implícito das horas, 
as palavras voarão desencontradas
em todos os sentidos, 
buscando a essência perdida,
a lucidez dos incautos.
No horizonte restarão fagulhas
e talvez algumas cinzas
e fragmentos abstratos.
A reconstrução será lenta,
e apesar de tudo,
o vento teimará em dispersar...
E, ironicamente,
acelerará a fusão.
Então, 
preso no nexo sustentável,
o vazio será preenchido.
Tudo o mais será
absolutamente
desnecessário.

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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Sobre as noites...











Tenho os lábios sedentos
ávidos por beijos
insanos
na madrugada torpe
em que os risos combatem
entre os lençóis
amarrotados
frases soltas
memórias esparsas
versos loucos
cheios de suor
perfumes misturados
vinho tinto
e o som silencioso
de tua respiração.
Tenho sede.
Tenho fome.
Não demora.



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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Prazer...







Foi difícil sair da cama
com a chuva gritando e chorando no telhado
morno de sentimentos em brasa...
Os lençóis enroscados 
nas pernas tontas 
e que se misturavam e se confundiam...
Quase impossivel 
ajuntar entre os edredons
os arrepios que varriam a pele
e embriagavam o hálito.
Ao lado da taça
o vinho tinto escorrendo pelos lábios.
Lábios sedentos...
e mãos vorazes...
Prazer.
Muito prazer em rever-te.

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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Entre segredos e cílios...





Se não fosse por hoje
talvez você nunca ficasse sabendo.
Se aquela lágrima não tivesse rolado,
se a minha voz não tivesse embargado...
Se eu não tivesse sufocado o silêncio...
Talvez você nunca percebesse
o quanto eu preciso te ouvir.
Ouvir  meu nome na tua voz...
É de coisinhas bobas assim
que o amor é feito!
Pequenas gentilezas, 
afagos sutis...
Carinhos guardados na pele
que queimam na hora de dormir...
Palavras soltas, 
enroscadas nos cabelos, 
ecoando nos lençóis...
E, junto dos meus segredos,
acarinhando os cílios,
a sua voz...
E só por isso preciso,  
Preciso ouvir que me amas. 

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