sábado, 28 de novembro de 2015

Imagem & Mensagem




É tanto mar
É tanta água
Que não sei onde termino
E nem sei o que me afaga.
Caminho em círculos
Navego em mágoa.

(verso inspirado na foto de Paulo Motta)

Marcadores: , ,

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Por trás da escuridão



Mas colher os frutos da terra não me basta
Como não basta ver o sol brilhando
É preciso que chuva caia, e caia forte.
É preciso ter trovão soando.

E a ressaca que o mar alto grita,
Inundando a areia e devorando a terra.
Agitando o sereno, agigantando o dormente.
Pra se sentir mais forte, e se fazer presente.

Dois lados simples de uma mesma moeda
Que ora é fraca e outra hora fere.
Que chora e ri, que se encolhe e bate,
Que adormece e acorda, e sempre se aborrece.

Juro que creio nesta natureza
Que me devora e me consome inteira
Que me adormece capataz dos sonhos
E me recorda que sou prisioneira...

(2013) extraido do livro Por trás da escuridão

Marcadores: , ,

domingo, 22 de novembro de 2015

Partes de mim


Não estava nos meus planos me apaixonar. No máximo, deveria ter sido um flerte, uma diversão sem maiores consequencias. Não deveria ter virado paixão.

Eu tinha milhares de planos para mim... e nenhum deles incluía um "nós". De repente, você começou a se infiltrar nos meus pensamentos, a bagunçar meus projetos: você ameaçou reescrever minha história!

Pode parar, moço. Não é assim que a coisa funciona, viu? Não pensa que é só chegar, misturar as letrinhas e transformar meu soneto. Eu adoro histórias longas, eu vivo de dramas, tragédias, odisséias em verso e prosa. Daí você acha que é só chegar e fazer um arranjo e tudo se resolve num pequeno conto?

Moço, eu sou complexa. Aliás, preciso dizer que essa que você conhece não sou eu. É apenas uma de minhas personalidades. Uma de minhas muitas personalidades. Nem foi essa que se apaixonou por você. Na verdade, a que se apaixonou é uma menina tímida, que fica na janela observando você passar e morre de vergonha e cora quando tem que dizer algo. Ela é uma sonhadora... vive de suspiros e se alimenta do cheiro de terra molhada. Ela bebe a poesia que as nuvens sussurram quando você passa...

A que você conhece é louca: ela adora música alta, bebe cerveja com os amigos, conta piadas, dança e não tem vergonha de dizer o que pensa e o que quer. Ela não se apaixona, apenas se diverte, vive de momentos, e se embriaga de amores todo dia.

Tá vendo a confusão, moço? Isso não tem como dar certo... Não sei se teu eu vai conseguir conviver com todas minhas "eus". Acho que não, moço... só se todas se apaixonarem por você... mas daí, elas podem brigar, e não sei se você vai conseguir mediar este conflito entre minhas partes...

Tudo bem, moço, eu sei que ficou confuso... mas eu só queria te dizer que não sou uma, sou várias... e tem uma parte de mim que está louquinha por você!

Marcadores: , ,

sábado, 21 de novembro de 2015

Perdoa...



Eu te escrevo versos de angustia e mágoa

Encharcados do pranto em que me afogo...

Por todos os dias em que não me viste

Por todos os abraços que não me deste

Por todos sorrisos que não te provoquei...

Eu me dilacero e não me perdoo...

E me rasgo o peito, e não te encontro.

Bendigo e aguardo aflita o sono, que,

Fiel amigo, as vezes me brinda com tua presença.

Perdoa. Me perdoa.

Por não conseguir perdoar.

Por não conseguir esquecer.

Marcadores: , , ,

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Retalhos
















Tudo bem, eu entendo. Não era pra ser desta vez. Não era pra ser eu. Minto: não era pra ser nós. Por mais que eu quisesse, por mais que eu tivesse sonhado, não era. Talvez tenha sido apenas mais um daqueles sonhos malucos que a gente tem, e que acorda suada e sem saber direito onde está e quem é. O que? Você nunca teve um sonhos desses? Em que mundo você vive? Ah, tá. No mundo das pessoas certinhas.

Eu nunca fui certinha. Definitivamente sempre fui mais louca que sensata, mais honesta que educada. Por isso foi tão natural chegar em você e acreditar que podia rolar. Claro que podia, era só você também acreditar. Do mesmo jeito que acreditei tantas vezes no teu sorriso. E em todas as promessas que tuas mãos desenharam em minhas costas enquanto dançamos. Lembra?

Foi num dia de sol que você me levou para caminhar na praia, porque eu queria ouvir a música do mar... catamos conchinhas, e eu fiz castelinhos de areia... e você habitou em cada um deles! Rimos muito! Sujos de areia e sal, brincando como crianças e rindo como amantes! De repente você me abraçou e me convidou para dançar. Suas mãos escreveram estrelas em meu dorso nu... estremeci ao sentir a areia que se embrenhava entre nossas peles.

E o dia do sorvete? Você chegando em minha casa com duas bolas de sorvete derretidas, escorrendo pelos seus dedos e um sorriso encabulado no rosto. Tua boca tinha sabor de flocos, e de morango, e de amor... e meus cabelos dançaram tontos entre tuas mãos... tinha uma música no vento, mas eu não me lembro de onde vinha...
       
Tudo bem, de qualquer forma, tudo bem. Eu entendo que não era pra ser assim. Não como eu queria. Não era pra ser do jeito que eu vinha sonhando, do jeito que teu sorriso e tuas covinhas me prometiam. Eu não devia ter acreditado em todas as estrelas que se acenderam quando você me beijou. Nem naquelas borboletas que ficaram serpenteando em meu estômago. Eu não devia.

Teria sido bem mais fácil se eu não tivesse olhado pra você na primeira vez... se eu não tivesse tropeçado e quase caído no seu colo, talvez você nem tivesse me visto. E não teria me segurado pela cintura com aquelas mãos fortes que ficaram habitando minhas noites insones e solitárias... sim, tudo poderia ter sido diferente.

E eu, triste e apática qual lousa virgem, não teria nenhuma memória para recordar. Eu sei. Não era para ser nós. Mas para meu eu ser completo, falta um pouco de você.

Marcadores: , , ,

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Soneto


Quantas quimeras passeiam na aurora de teus anos!
Quantos sorrisos velados e por fim cedidos!
Apenas o clamor de tuas insanas e debruçadas pausas...

Ou o furor de teus ousados e até mimados cachos...

E viajante terna de teus pensamentos,
Velo os desvarios por quais teu sorriso aporta!
Sigo destinos sem que haja como, 
Transbordando sonhos pela estrada afora...

Trago-te sonhos - mas o que te importa?
Sinto teu cheiro... Bebo tua luz...
Creio-te inteiro e semidescoberto...

Pequeno ser de desvario que acorda!
Sabor tão denso: puro alcaçus...
Valsas solto, em pleno deserto!

(janeiro de 2015)

Marcadores: , , ,

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Solidão a dois...




Preciso muito ouvir você dizer que me ama. Talvez porque eu tenha vivido sozinha tempo demais, e esta constante ausência  não me permita conviver idilicamente com a solidão. 

Hoje amanheceu chovendo e eu não sabia se você me amava. Pensei em te ligar, mas tive medo. Medo de ficar sozinha comigo. Tinha chuva misturada com lágrimas na minha janela e eu fiquei perdida... entorpecida...
Não sei qual solidão me assusta mais, estar sozinha comigo ou contigo. Sofro desvarios e esbarro nas sombras do corredor enquanto busco teu aconchego.  Acho que ando embriagada de amores...

Ontem tropecei em um sorriso teu e quase que me fraturo ao cair das nuvens. Levantei e sacodi dois ou três carinhos que teimavam em ficar grudados em meus cabelos. É difícil não respirar teu perfume em cada cômodo de meu coração. Novamente não sei o que é mais difícil.
Não quero ficar sozinha. E não quero estar sozinha ao teu lado.

Marcadores: , , , ,

Eu queria que você soubesse...


              Eu queria que você soubesse que doeu. Que fiquei chorando vários dias, que meu coração ficou dilacerado. Eu precisava disso, sabe? Ok, eu sei que não é uma atitude racional e muito menos digna esfregar o sofrimento da gente na cara do outro. Mas honestamente acho que você deveria saber que não tem o direito de andar por ai sapateando no coração das pessoas como se estivesse sambando em pleno carnaval. Você não viu. Nem ao menos se preocupou em saber se eu tinha cola ou algum tipo de fita adesiva pra remendar o estrago que você causou. Confesso que não julguei que você pudesse ser tão inconsequente.

             Parece que este tipo de atitude vem meio que embutido no pacote “Felizes para Sempre”. Para sempre? Opa! Você não tinha lido esta parte? Acho que não, né... você pegou suas coisas e foi embora sem nem olhar pra trás. Fez um pequeno discurso de “não é você, sou eu”, disse que eu merecia alguém muito melhor e foi embora pisando firme no meu orgulho.
              Eu falei orgulho? Que orgulho? Gente, tudo o que eu queria era pedir pra você voltar, me abraçar bem forte e fingir que nada tinha acontecido. Eu queria muito. Queria que você visse as lágrimas que encharcaram meu travesseiro, as nuvens que ficaram pesadas na minha janela... queria que você visse como o sol se recusou a voltar para o nosso jardim...
             Andei pela casa durante horas, dias, semanas... louca, recolhendo trechos de conversas espalhados pelas paredes... você não vai acreditar, mas achei um beijo seu grudado no meu ombro ainda! Lavei, esfreguei, mas não consegui tirar. Teus lábios ficaram tatuados em minha pele. 
          Não sei se toda despedida é assim, mas parece que a nossa ficou inacabada. Tenho certeza que não eu disse tudo o que queria dizer, e a absoluta convicção de que não me disseste nada. Sim, porque discursos pré-concebidos, frases feitas de internet, não selam o final de uma relação. Mesmo assim você partiu.
             Eu te escrevi várias cartas. Rasguei todas as cortinas e me desnudei. Mas você não viu. Porque você foi embora e não olhou para trás. Talvez teus headphones tenham atrapalhado e por isso você não ouviu meus soluços. Eu poderia ter gritado mais alto, se tivesse forças.
          Ou, talvez este silencio derradeiro seja a compressa morna que vai curar esta ressaca. E talvez mesmo eu te agradeça por não mereceres tão grande amor. 

Marcadores: , , , ,

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Divagações...





Tenho pensado em todas as cartas que te escrevi mentalmente...  um turbilhão de emoções derramado em páginas virtuais...
Também, você nunca tentou ler. Palavras soltas e jogadas a todo instante pela casa inteira... meus sonhos e desabafos... e você tropeçava nelas sem as ver...
Meus gritos mudos que ecoavam em teus ouvidos surdos.
Era só minha filosofia primária, querendo fazer ninho no que restou de nosso lar.


(março de 2015)

Marcadores: , , , ,