E só porque era domingo, eu marquei um encontro comigo. Tinha milhares de coisas a resolver, após considerar todas as possibilidades, cheguei a conclusão que não dava mais: eu tinha que discutir nossa relação. Nossa? Sim, a minha relação comigo. Após muito analisar, vi que não dava mais.
Ou eu me aceitava e passava a me tratar melhor, ou teríamos uma ruptura séria.
Eu e eu mesma sentamos frente a frente. Confesso que me assustei um pouco... Não tinha notado como eu tinha envelhecido. E quando olhei aqueles cabelos brancos, resolvi que ia pegar mais leve: minha mãe sempre me ensinou a respeitar os mais velhos. Mostrei pra mim minha nova tatuagem, e eu ri da minha cara de incredulidade! Sei que não é legal, mas não consigo perder essa mania de enfrentar as pessoas, de desafiar as convenções. Eu me desafiei na maior cara de pau.
Daí, aquela outra eu, com seus cabelos brancos, me mostrou um coração partido, cheio de remendos, com sangue gotejando por todos os cortes... E me acusou, de com minha insensatez, provocar tantas feridas... Ela me acusou dos seus cabelos brancos!!!
Como assim? Pode parar! Sou eu que te leva ao salão e escolhe as cores pra te deixar mais poderosa! Sou eu quem te leva ao médico, te compra os remédios... Eu cuido de mim!
E daí? A louca me respondeu: me ama... me ama tanto que me deixa só! Não me faz companhia quando a noite cai e eu rolo na companhia da insônia...
Ok, e quem é que te leva pra encontrar os amigos? Que senta contigo pra ver a novela? Que chora contigo ao ler os romances? Quem te inspira a escrever tuas sandices?
Chorei abraçada comigo. Não havia mais nada a dizer. E só porque era domingo, nós resolvemos não brigar mais. Pelo menos até o próximo domingo.
Marcadores: Bipolaridades, Céres Felski, Divagações, Domingo, Prosa Poética