quarta-feira, 29 de junho de 2016

Eu morri de novo...




Hoje eu morri de novo. Morri quando te vi passar entre os carros, andando com pressa, como se fosse perder a hora. E vi as horas passarem rápido em meus sonhos...
Recordei de tudo...
 De tuas mãos passeando preguiçosamente em meus cabelos... 
de teu sorriso fácil das minhas piadas sem graça. 
Da tua espera paciente por meus retornos nunca programados, nas minhas saídas constantes e prolongadas... 
Do ruido de vida que havia na casa, do cheiro gostoso de tua comida...
Das surpresas encontradas no travesseiro e nos mimos que me trazias a cada ausência...
Hoje eu morri mais uma vez.
Quando vi a sentença proclamada em outros olhos.
Morro a cada dia em que te espero.
Morro todos os dias em que não chegas.
Não quero aprender a te dizer Adeus.


Céres Felski


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segunda-feira, 20 de junho de 2016







Tenho pensado na Morte rotineiramente. Talvez seja esta a melhor  maneira de lidar com ela: como uma visitante incômoda mas inevitável. No entanto, confesso que vivo enamorada. Ela me fascina.  Como uma serpente, envolve-me lenta e progressivamente. Me embriaga.
Leio compulsivamente, trabalho, escrevo e... durmo... durmo constantemente. 
Minhas pequenas mortes diárias.
A paz que acredito que resida na Morte.
A Morte que reside em cada verso, em cada pausa de meus olhos cansados.
Tenho pensado muito nela. 
Posso na verdade dizer que é minha grande companheira, que já temos uma relação quase que de cumplicidade. Parceiras de pecados ainda não cometidos. 
Algoz e vítima numa dança alucinada e infinda.
Estocolmo. 
Sim, bailamos sindromicamente em Estocolmo.
Quanto ao resto... o que resta?
Enquanto cortejo a Morte, desfilo hesitante pela Vida.


Céres Felski

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segunda-feira, 13 de junho de 2016





Talvez você nem lembre mais,  mas eu não consigo esquecer. 
Talvez tudo tenha passado, e eu não seja mais que uma vírgula na sua história... 
E eu nem vi que o ponteiro do relógio girou...
Não ergui meus olhos e não vi o sol se por de novo. 
Não vi quando a lua veio prantear a minha janela, e nem quando o orvalho
 lavou as nossas flores no jardim...
Meus olhos fechados, ensimesmados e torpes. Que só vêem névoa e cinzas... 
Da minha janela aberta para o mar, só me chegam os murmúrios pungentes da areia, 
abraçada e abandonada pelas ondas.
Nada mais.
O silêncio terno e triste.
O vazio que deixaste .
E a minha dor depois que partiste.


Céres Felski

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quinta-feira, 9 de junho de 2016







Foram cerca de 654 cartas. Fora os rascunhos, e sem contar as inacabadas. Tentei, de todas as formas, dizer adeus. Pensei que com arranjos de palavras, com uma mistura de verbos e substantivos, eu pudesse me despedir de você.
Inútil. Sempre inútil. Por isso acabei não enviando nenhuma. Eu nunca consegui expressar meu sentimento fielmente. As vezes acho que acabei, mas daí tropeço em outra lembrança tua... 
E daí percebo que não é fácil tirar você de mim.
Tenho tentado, confesso, eliminando tudo que possa me remeter ao passado. Joguei fora nossas fotos, restaurei o computador, tentei até mudar de casa e de cidade.
Mais uma vez inútil. Afinal, como tirar de fora se você continua aqui dentro?
Talvez, apenas talvez,  eu não tenha deixado de te amar.
Talvez eu nunca consiga dizer Adeus.


Céres Felski

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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Gritos na noite...






Sim.As noites tem sido longas.
 E, principalmente frias. A solidão recostada a janela sempre a espreita, pronta para se jogar no travesseiro e arrancar lágrimas.
Ainda choro, sim. Por que não? Ainda tem uma parte minha que acredita em contos de fada e em "felizes para sempre". Recuso-me terminantemente a aceitar que o tempo passe. Eu sou feita de sonhos! E te construí em versos...
Por isso tenho noites infindáveis... em que rolo no abismo insano de palavras perdidas e de sonhos naufragados. E enquanto me afogo nas lágrimas que não verto, ouso me debater frenetica e silente. Porque meu grito é mudo. Porque a minha dor é profunda.
Teu toque ainda está desenhado em minha pele, e ainda te ouço sorrir...
Sonho e divago...
Tenho tantos castelos ainda! Tantas janelas se abrindo sobre o mar infinito de insaciáveis desejos e de nossos murmúrios...
Tenho sonhos. Não me faça acordar.
Hoje não vou levantar.

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terça-feira, 7 de junho de 2016

Divagações e Devaneios - Confissões de uma poeta #2



"Tenho comigo 357 cartas de adeus. E não consegui postar nenhuma." 

- Céres Felski (08-05-16)

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Divagações e Devaneios - Confissões de uma poeta #1


"Qualquer combinação de palavras perde o sentido quando nossos olhares se encontram."
- Céres Felski (09/05/16)

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